quinta-feira, 2 de junho de 2011

Vídeo/palavras para reflexão: As escolhas, as visões de mundo e de sociedade




Fonte: parte da obra. Por uma Outra Globalização: um encontro com Milton Santos.

O vídeo fala sobre a América Latina e também sobre a questão das escolhas que fazemos enquanto sociedade, em se falando de África e a temática do Blog ele esclarece muito do porque é importante se reconhecer enquanto individuo que pertence a uma nação.

Uma Experiência Significativa Com a Literatura Africana

Escrito por Consuelo Silva Almeira

2 - Angola na sala de aula
Na fronteira da mudança de valores e instauração de novas práticas, foi pensado e concebido o projeto literário Descobrindo a África, em uma classe de 4ª série do ensino fundamental do Colégio Estadual Princesa Isabel, localizado no bairro da Cidade Novaii.
Com o objetivo de despertar nos educandos o ideal de que a diferença pode ser bela e que a diversidade é enriquecedora e não sinônimo de desigualdade, o projeto desvendou a realidade de um país africano a partir da literatura. Durante o III bimestre de 2005, fizemos uma incursão literária ao conto africano As aventuras de Ngunga, de autoria de Pepetelaiii, tendo como fio condutor de todas as ações desenvolvidas, o reforço à auto-estima.
A escolha da obra deu-se, a partir dos questionamentos dos alunos sobre a dificuldade de se encontrar um texto no qual a personagem principal fosse representada por um negro. Apesar do desafio, identificou-se no CEAFRO (Centro de Estudos Afro- Orientais/UFBA), um exemplar do livro As aventuras de Ngunga. Com uma perspectiva bastante significativa, a obra relata, em seu bojo, as lutas nacionalistas angolanas, vivenciadas pelos negros para se libertarem da colonização européia, dando-lhes um tratamento de herói. A personagem principal é uma criança, que participa do movimento em prol da liberdade. Apesar do caráter revolucionário, a narrativa transborda de beleza e magnitude. Encontram-se presentes no texto os animais da floresta, os elementos da natureza, os espíritos e símbolos sobrenaturais, representantes da cultura africana.
Para que os alunos pudessem ter contato direto com o livro, decidiu-se ir a um Sebo da cidade e adquirir dez exemplares. Como a sala era composta de 20 alunos, optou-se por trabalhar com o texto, na própria classe, em dupla. A obra foi separada em capítulos, e a cada aula de Literatura, fazia-se uma retrospectiva do capítulo anterior e iniciava-se o próximo.
Logo no início da história, os alunos desvendaram que a personagem principal, Ngunga, era um menino órfão de 10 anos, que perdeu os pais em uma das lutas nacionalistas de Angola e, que vivia nas florestas africanas, de aldeia em aldeia, solitário e dependendo da ajuda dos habitantes até se envolver na causa libertária e se transformar em um guerrilheiro modelo.
Durante a trajetória da narrativa, pode-se identificar o processo de transformação psíquica que transcorreu com a personagem principal. Inicialmente apresentando-se como uma criança insegura que sofre muito, diante da solidão e da ausência de alguém que a ame realmente. "Por que ter de voltar? Ninguém o espera no Kimbo, ninguém ficaria preocupado se ele não aparecesse. Quem se lembraria de procurar Ngunga, o órfão, se morresse?"iv. A posteriore, Ngunga se transforma em um guerrilheiro que enfrenta suas próprias ameaças e aprende decifrar a realidade, identificando as armadilhas que aprisionam seu povo.
Com o decorrer da leitura da obra, os alunos passaram a se identificar com Ngunga. Para as crianças, era o herói ideal, que enfrentava todos os problemas e lutava contra as injustiças. Um menino valente que não deseja riqueza, honra, poder ou imortalidade, mas que aspirava à integridade, ao conhecimento e à sabedoria. Um dos trechos mais eloqüentes da narrativa, é quando o corajoso jovem desmascara o Presidente Kafuxi, ao alertar a comunidade sobre a exploração e a mentira na qual estavam vivendo.
Em contramão as denominações negativas em relação à cor preta, que podem levar as crianças negras, por associação, a sentirem horror à sua pele negra, o texto exerceu nos alunos uma influência positiva, posto que representou a figura do negro como herói e portador de valores éticos. Tal afirmativa foi constatada ao observar que no intervalo das aulas, as crianças dramatizavam as lutas revolucionárias angolanas e era uma briga para definir quem faria a personagem de Ngunga. Lacan elucida essa questão ao antecipar que: "[...] a identidade é formada, ao longo do tempo, através da interação com o "Outro" e que a construção de uma autoimagem positiva incide ao fato de existir referências que respaldem essa auto-imagem"v.
Texto na integra:
http://www.ueangola.com/index.php/criticas-e-ensaios/item/353-uma-experi%C3%AAncia-significativa-com-a-literatura-africana.html

1 - O currículo e a cultura africana
A escola é um local em que a diversidade cultural deve ser assegurada para que todos tenham garantido o direito de aprender e ampliar conhecimentos, sem serem obrigados a negar a si mesmo, ao grupo étnico/racial a que pertençam e adotar costumes, idéias e comportamentos que lhes são adversos.
Uma das finalidades do currículo é preparar os alunos para serem cidadãos críticos e participativos de uma sociedade democrática. No sentido de concretizar esse objetivo, urge que as instituições escolares se organizem de forma a contemplar as experiências das crianças, para que os alunos não vejam a cultura que comungam ser excluída ou descriminada, no ambiente escolar. Esse é o grande desafio da educação, fazer com que os alunos pratiquem e exercitem ações capazes de prepará-los para participar, ativamente, em sua comunidade.
Tomemos como ponto de partida Salvador, cidade multi-étnica e pluricultural, na qual as raízes africanas florescem cotidianamente, a comida e a música são presenças marcantes. Todavia, as literaturas afro-brasileira e africana são desconhecidas pela maioria da população, que muitas vezes, sob visão preconceituosa, associa as narrativas ao candomblé, por algumas apresentarem os orixás nos seus textos. Partindo do pressuposto que a literatura africana é vasta, torna-se primordial quebrar-se o paradigma de que somente o patrimônio europeu deve predominar e que as culturas das classes minoritárias, especialmente a indígena e a africana, só sejam contempladas no âmbito folclórico. Para tanto, deve-se buscar meios de conhecer a diversidade da população africana e, socializá-la no ambiente escolar, visando despertar nos educandos a autoestima em ser afro-descendentes. Uma das alternativas são os contos africanos, os quais revelam um mundo muitas vezes desconhecido, formado de reis, príncipes, orixás e de homens fortes que lutaram pela liberdade.[...]

2 comentários:

  1. Este blog é completo porque tem vídeo. è muito interessante.

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  2. Os temas tratados são muito interessantes: África o berço da humanidade, China, o dragão voraz econômico, e por fim essa lição de aproximar os nossos alunos a suas realidades.

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